A ainda baixa participação de mulheres na área de tecnologia é uma conhecida deficiência, e deve ser um dos grandes focos do compromisso de inclusão de qualquer organização. O trabalho da liderança pode começar pela comunicação aberta, abordando  as questões de gênero, de diversidade e de segurança psicológica no dia a dia e em mensagens à equipe, para sinalizar a todos um diálogo o mais verdadeiro possível sobre temas por vezes delicados.

De acordo com um estudo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) de 2024, em todo o mundo, apenas 35% dos formandos em carreiras ditas STEM (da sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática) eram mulheres, e elas ocupavam apenas um quarto dos empregos em ciência, engenharia e tecnologia da informação e comunicação (TICs). 

Já nos Estados Unidos, um relatório da National Center for Women & Information Technology (NCWIT) apontava que, em 2023, somente 27% dos profissionais de computação eram mulheres. No Brasil, a proporção de graduandas em STEM era de apenas 26% em 2020.

Por uma série de convenções sociais ainda vigentes, as mulheres vão em menor número para a área de ciências exatas e tecnologia, e aquelas que seguem adiante enfrentam, entre outros obstáculos:

  • Discriminação no mercado de trabalho
  • Discrepâncias salariais
  • Menor velocidade de promoção
  • Menos oportunidades em cargos de gestão
  • Assédio e importunação

Aumentando a participação de mulheres na área de tecnologia

Uma das estratégias mais simples a ser adotadas por empresas é a regra de, nas entrevistas de recrutamento para cargos mais sêniores, deve haver pelo menos uma mulher e pelo menos uma pessoa de outro grupo sub-representado, tanto entre os entrevistados como entre os entrevistadores . 

A adoção de política de cotas em empresas privadas é uma outra possibilidade, e tende a enfrentar menor resistência quando se concentra nas posições de entrada da companhia. 

Uma atuação firme da gestão permite que a transformação vá ocorrendo organicamente dentro da empresa, com programas de:

  • Formação de aliados
  • Mentoria para mulheres
  • Maior visibilidade para líderes femininas
  • Treinamento de combate a vieses e preconceitos
  • Equiparação salarial 
  • Flexibilidade no horário de trabalho
Marcus Fontoura
Sobre o autor

Marcus Fontoura

Marcus Fontoura é atualmente technical fellow na Microsoft e CTO do Azure Core. Iniciou a carreira na área de pesquisa da IBM em 2000, depois de concluir o doutorado na PUC-Rio e o pós-doutorado na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Teve passagens pelo Yahoo! e pelo Google, e promoveu uma transformação digital na fintech brasileira StoneCo, onde atuou como CTO. É autor do livro Tecnologia Intencional e publisher da plataforma com o mesmo nome.