Quando uma pessoa em cargo de liderança é recrutada do mercado, é compreensível que ela se sinta perdida nos primeiros tempos na empresa. Até o vocabulário é totalmente novo e dificulta a integração nas tarefas do dia a dia. A pessoa precisa aprender os termos usados pela equipe, os nomes dos sistemas e as siglas.
É papel dos gestores garantir que a nova contratação esteja sempre acompanhada até que consiga se sentir mais à vontade. As reuniões individuais um a um (1:1) semanais são uma boa ferramenta para isso.
Contratar um talento cobiçado no mercado é um enorme investimento e uma vitória para a empresa, e tudo pode acabar sendo desperdiçado se o recém-chegado se sentir mal por não estar se encaixando no trabalho. Uma das coisas que mais geram ansiedade é o profissional não conseguir perceber qual é a sua posição em relação às expectativas. A liderança precisa se mostrar próxima e acessível, e a transparência ajuda a reduzir a insegurança.
Todas as oportunidades de comunicação devem ser aproveitadas, de comunicados via sistema interno de envio de mensagens a reuniões gerais do tipo all hands. Os comunicados regulares e constantes podem ser adaptados ao estilo de gestão da empresa.
Mesmo que se trate de uma administração muito mais bottom-up que top-down, a frequência das comunicações dá o tom das diretrizes técnicas e estratégicas. É justo que o novo contratado saiba para onde está indo aquele barco.
Projeto inicial do novo contratado
Enquanto o novo contratado se ambienta, funciona atribuir a ele projetos concretos, mesmo que pequenos, para realizar enquanto aprende. Dessa forma se permite que o profissional possa apresentar resultados, porque é dificil uma pessoa desse perfil aguentar ficar muito tempo sem contribuir de alguma forma.
Colaboradores trabalham com prazer quando têm espaço e condições para se sentir úteis, produtivos e valorizados.
Cria-se dessa maneira um ciclo positivo, pois ao se sentirem felizes no trabalho os novos integrantes têm disposição para criar mais, mentorar outros colaboradores e servir como exemplo. Com o tempo, contribuirão cada vez mais e liderarão projetos maiores e mais complexos.

Marcus Fontoura
Marcus Fontoura é atualmente technical fellow na Microsoft e CTO do Azure Core. Iniciou a carreira na área de pesquisa da IBM em 2000, depois de concluir o doutorado na PUC-Rio e o pós-doutorado na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Teve passagens pelo Yahoo! e pelo Google, e promoveu uma transformação digital na fintech brasileira StoneCo, onde atuou como CTO. É autor do livro Tecnologia Intencional e publisher da plataforma com o mesmo nome.